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Síndrome dos Ovários Policísticos

QUANDO SUSPEITAR?

O quadro clínico que as pacientes apresentam e devem chamar a atenção para essa condição são os seguintes:

Amenorréia e/ou oligomenorréia (ausência de menstruação ou ciclos extremamente longos por falta de ovulação adequada)
Hiperandrogenismo: gerando quadro de hirsutismo (aumento da quantidade de pêlos em locais tipicamente masculinos) e acne;
Infertilidade (por fator ovulatório, semelhante às alterações do ciclo menstruação)
Acantose nigricante (hiperpigmentação em região de dobras, repercussão da hiperinsulinemia)

E Porque Ocorre essa Síndrome ?

Aumento da conversão periférica de androgênios em estrogênios (fenômeno conhecido como aromatização periférica), apresentando as seguintes consequências:

Anovulação: o hormônio folículo estimulante (FSH) está em níveis baixos, não sendo capaz de estimular um folículo ovariano para que alcance o seu estágio maduro, não havendo produção de estrogênio e subsequente pico do hormônio luteinizante (LH), o que leva ao bloqueio da ovulação; consequentemente, não há formação de corpo lúteo, não há produção de progesterona e não ocorre a menstruação;
Hiperandrogenismo: o aumento do LH (sem a ocorrência do seu pico) promove aumento da conversão de colesterol em androgênios (testosterona e androstenediona), levando ao quadro de hiperandrogenismo;
Resistência periférica à insulina: o aumento da insulina disponível e a diminuição da proteína carreadora de hormônios sexuais (SHBG) promovem o aumento da testosterona livre circulante, intensificando o quadro de hiperandrogenismo;
Ovários policísticos: como não há o recrutamento folicular adequado e a ovulação do folículo dominante, o ovário continua sendo constantemente estimulado (mesmo que em doses baixas), gerando o quadro de micropolicistos ovarianos (em geral bilaterais).

E o Diagnóstico ?

O diagnóstico é clínico e laboratorial, pela presença de ao menos 2 de 3 critérios:

Amenorréia ou oligomenorréia;
Hiperandrogenismo (clínico ou laboratorial - testosterona > 80-85 mg/dl);
Ultrassom transvaginal com aspecto policístico (volume ovariano ≥ 10cm³ ou presença de ≥ 12 folículos com diâmetro entre 3 e 9 mm em pelo menos um ovário).

Como Tratar ?

Dieta e exercício físico visando a perda ponderal de 5 a 7%;

Anticoncepcional combinado oral (ciproterona ou drosperinona);

Progesterona por 14 dias (iniciada no 14º dia do ciclo);

Metformina (promove redução da resistência insulínica, melhorando o perfil metabólico e restabelecendo os ciclos menstruais);

Hiperandrogenismo: melhora com uso de espironolactona (compete por receptores androgênicos além de promover redução da atividade da 5-alfa-redutase e aumentar o catabolismo dos androgênios);

Para induzir ovulação, fazer uso de citrato de clomifeno 50mg/dia do 3º ao 7º dias do ciclo menstrual e monitorar a ovulação com ultrassonografia transvaginal.

Fator de Atenção

Pelo constante estímulo estrogênico sem a oposição da progesterona (conforme descrito na fisiopatologia), as pacientes têm um risco aumentado de desenvolverem hiperplasia endometrial e neoplasia de endométrio. Portanto, todas as pacientes devem ser tratadas para que o quadro clínico da Síndrome dos Ovários Policísticos não evolua para essas condições patológicas.